Histórias do mar — um relato do Rei e Rainha do Mar RJ 2023
O mar tem algo que fascina. Você se prepara, se protege como pode, se coloca de frente a ele… e você não manda em nada!
Ali, de corpo e alma presentes, não existe uma batalha. Até porque sempre perderíamos. O que existe mesmo é uma entrega completa para o desconhecido.
Eu gosto de alinhar nessas provas e me sentir pequena diante da imensidão que me aguarda, de olhar para o horizonte e sentir, na pele, o tamanho da minha insignificância. Parece que é nessa hora que as coisas passam a ter o verdadeiro tamanho.
Incrivelmente eu me sinto bem e sempre penso que não tem outro lugar no mundo que eu gostaria de estar se não ali e naquele agora.
A emoção toma conta e, ao contrário, de tantas outras vezes que me privei, eu não escondo mais o meu sentir. Se eu tiver vontade de chorar, eu choro, de rir, eu rio, de gritar e pular, eu grito e pulo.
O dito ridículo nessas horas é libertador!
Sobre a prova — Beach Biathlon (1km natação e 2,5km corrida na areia)
Com um frio na barriga de excitação pelo inesperado e sem prevalecer tantos medos que um dia já tive do mar, eu me sentia leve.
Cada prova tem seu significado e, dessa vez, eu não tinha grandes expectativas a não ser aproveitar o presente. Sem nenhum tipo de cobrança externa.
Eu estava simplesmente feliz de ter a oportunidade de viver, mais uma vez, tudo aquilo.
Com essa confiança entrei no mar e aproveitei cada braçada dada… consciente e presente eu sabia da força e preparo do meu corpo. E aqui eu acho que está a melhor parte da bagagem que vamos acumulando em cada modalidade. A minha ainda é um mochilinha pequena de quem só está a 3 anos nesse mundo de águas abertas… mas já é mais do que quando comecei!
Me lembrei das minhas primeiras vezes no mar e do sentimento que eu tinha de querer que acabasse o quanto antes… dessa vez não… achei até que passou rápido demais!
É bom demais se sentir bem!
Mas, falando sobre as condições da prova em si: na ida para a primeira e segunda boia o mar estava um pouco marolado, mas nada absurdo. Ainda dava para visualizar a boia sem complicações.
A volta pegamos uma correnteza a favor que foi uma delícia! Nado soltinho, soltinho.
Como sempre, cruzei com muitos homens nadando peito (o que é um erro grave e que pode machucar outras pessoas) — desses eu sempre me protejo mantendo a distância. Uma pezada pode fazer com que você perca sua prova inteira.
Sai do mar me sentindo bem e fui correr tranquila. Eram 2,5km na areia.
Ida arei batida e volta areia fofa. Estímulo totalmente diferente do que estou acostumada.
Terminei bem e com o sentimento de missão cumprida!
Agora é descansar… a temporada 2024 chegou ao fim!