IronMan 70.3 Maceió 2022 — largada e natação — PARTE 2

Gabriela Melo
4 min readAug 19, 2022

Continuação.

Com um trança embutida no cabelo fixada com o laquê que havia comprado no dia anterior na intenção de fazer tudo exatamente igual aos treinos, cheguei no local da prova junto com a Lê, minha mãe, irmã e o Paulinho, meu treinador.

Nesse momento dizer que estava com borboletas ou frio na barriga não é suficiente para descrever o que eu sentia. Tão intenso que dava até “faniquito” (sabe quando você não sabe se pula, dança, ri ou chora? Então. Essa era eu).

Como estava garoando e a previsão do tempo marcava chuva, optei em utilizar a roupa de borracha, a Lê me ajudou a colocar e passar vaselina nos pontos de atrito.

Minha cara revela tudo, né?

Faltava muito pouco para largar e como eu estava bastante ansiosa, o Paulinho logo falou: “tá na hora, vai conferir o material e já vai pra largada sozinha”.

Dei um abraço em cada um que estava lá e fui.

A partir dali seriam, pelo menos, 6 horas de muita adrenalina.

Última checagem de equipamentos

Entrei na área de transição carregando a sacola com todos os meus equipamentos e suplementação. Parei na minha bike e tentei visualizar exatamente onde ela estava.

Sentei no chão, coloquei junto em um montinho meu capacete, óculos, sapatilha e suplementação da bike; em outro montinho eu coloquei meu tênis de corrida, boné, suplementação e número de peito.

Conferi os pneus e bolsa de ferramentas da bike e estava tudo ok. Nessa hora eu olhei pro lado para ver o que a menina estava fazendo para garantir que eu não estava esquecendo nada, mas não era hora daquilo. Decidi voltar o foco pro que eu sabia que tinha que ser feito.

Já tinha que ir pra frente do mar.

Caminhando para a largada

Essa caminhada eu estava quase em um estado meditativo, não lembro de sons do ambiente, não sei se tinha música ou não, mas eu me recordo de alguns pensamentos, sendo que o que mais me marcou foi:

“Eu não queria estar em nenhum outro lugar agora que não fosse aqui”.

Isso era suficiente.

Chegando perto da área da largada eu precisava entrar no cercadinho que estivesse com a minha previsão de tempo na água e eu queria fazer em até 40 minutos. Escolhi meu caminho e entrei.

Nesse momento eu senti que minha pressão estava caindo devido ao nervosismo e aquilo me deixou angustiada, seria péssimo desmaiar ali, né?!

Eu comecei a aplicar a minha principal técnica de controle de ansiedade: respiração. Respirava contando até 4, segurava e soltava em 4 segundos. Fiz isso algumas vezes até que senti alguém me cutucando…

Olhei para o lado e era um chileno me pedindo ajuda para fechar a roupa de borracha e enrolar o fio do zíper, mas eu não estava conseguindo entender nada do que ele falava.

Esse cara não sabe, mas essa conversa com ele me acalmou de uma forma inexplicável.

Depois de algumas mimicas, eu consegui ajudá-lo e ficamos cerca de 5 minutos conversando ~em espanhol~ sobre a prova, a vida, triathlon…

E como em um passe de mágica, ouvimos a primeira buzina! Junto com ela a chuva começou.

Coloquei meu óculos.

A partir daí a cada 8 segundos eles liberavam 5 atletas para iniciar a prova.

Fui para o mar

Já mais calma, chegou o momento que eu mais queria, depois de 8 minutos.

Quando escutei a buzina eu estava feliz e sentindo muito respeito pela distância que percorreria. Seria um longo dia!

Entrei no mar e tinha bastante alga, BASTANTE. Nos primeiros metros não dava para encaixar braçadas sem ganhar uns presentinhos. Mas isso não me atrapalhou em nada, na minha cabeça era só: “você não tem outra opção a não ser continuar a nadar”.

Em pouco tempo eu já estava nadando encaixadinha. O mar de Alagoa, famoso por ser uma lagoa, estava um pouco revoltado, tinha bastante onda e a gente estava nadando contra a correnteza, o que aumentou o nível de dificuldade da prova. Isso também não me tirou a concentração.

Meu foco era nadar 2 para 1 seguindo o conselho da Lê de manter a oxigenação do cérebro (eu pensei sobre isso na prova, sério).

Além disso, eu já estava pronta para fazer respirações frontais para garantir que estava nadando na direção correta e rente as boias de sinalização.

Nos primeiros 1000m estava tranquilo, até que começou a aumentar a chuva e o tamanho das ondas que quebravam na gente. Não estava confortável.

Mas continuava com a única opção que tinha: continuar a nadar… afinal, quanto mais eu nadasse, mais perto eu estaria de sair dali.

Eu cheguei a pensar quantas boias faltavam ou fazer cálculos de quantos metros ainda tinha que nadar, já que eu não conseguia enxergar no meu relógio, mas foi tudo em vão. Não cheguei em nenhum resultado matemático.

Faltando pouco para acabar eu pensei: “não tô mais achando legal estar aqui, quero acabar isso logo”… e faltava pouco, então a natação foi, em linhas gerais, gostosinha. Sem traumas.

Eu sai do mar, 45 minutos depois, e já estava a Le (ensopada), minha mãe e minha irmã gritando, uma loucura. Estava um pouco atordoada da maré, então decidi andar até meu cérebro processar um pouco mais as informações.

Cara de “que que tá acontecendo?”

Não tinha porque ter pressa. Tinha muito chão ainda.

Fui trotando do mar até a área de transição para me preparar para o ciclismo.

Fiz uma transição tranquila e no meu tempo (que acabou que foi bem lenta, mas esse era o menor dos problemas).

Peguei toda a suplementação que levaria pro pedal, coloquei o capacete, óculos, sapatilha…

Respirei fundo e fui.

PARTE 3: ciclismo

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Gabriela Melo

Treinando para o meu primeiro IronMan 70.3. Nesse espaço compartilho minha jornada e várias versões da Gabriela. Sejam bem-vindos!